31.8.07

Das kleine Penguin Lamont


Sinceramente, já não sei o que diga. Recomeçou a segunda temporada de "Frisky Dingo" no recreio eterno que é a Adult Swim, e se não é o melhor episódio de sempre é porque as saudades deviam estar a atrofiar o juízo. Se não sabem ou não se recordam, o fim da primeira temporada deixou no ar uma mega explosão que, supostamente, matou tudo e todos e, quiçá, levou a Terra finalmente de encontro ao Sol. Errado: um maravilhoso, state-of-the-art, impossível de imaginar, lindo de morrer twist no enredo faz regressar todos de boa saúde e com Killface intrometido num novo desafio pela frente. Ah, e agora há um bebé pinguim, mas que precisarão de ver para perceber quanto queriducho é. Podemos todos rir e tirar o chapéu aos Simpsons e ao South Park e a mais uma mão cheia de animações fantásticas, mas, sejamos frontais: "Frisky Dingo" já é uma das mais alucinantes e perfeitas séries de animação de sempre. Tal como "Sealab 2021", dos mesmos Adam Reed e Matt Thompson - ler entrevista com ambos aqui -, já tinha sido uma série de animação imperdível. OBRA-PRIMA ABSOLUTA!

+ Site Oficial
+ Killface no MySpace


30.8.07

Misteen



O vídeo da resposta de uma candidata de South Carolina a Miss Teen USA é um dos virais do momento: um instante de sublime inversão onde a sua resposta a uma daquelas perguntas genéricas (aqui, sobre a falta de noção geográfica dos americanos) transcende todo o humor que se tem feito sobre estas coisas. A comédia passou então para outro escalão: gozar com a adolescente que ficará com este pedaço de currículo no ar para sempre. Ontem, no Conan O'Brien, ela foi a terceira resposta do "Celebrity Survey" do programa: uma pergunta "feita" a três celebridades com a última resposta sempre como punchline. Esta, até teve direito a duas imagens.


MOTELx


Nome feliz para o Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, que não parece de todo uma má ideia mas cujo o site, a uma semana do evento, ainda tem o aviso de "informação disponível brevemente" em tudo o que diz respeito a horários. Fora isso e não querendo parecer má pessoa ou o advogado do Diabo, porquê passar alguns mini-filmes da série "Masters Of Horror"?, coisinha recente e disponível para qualquer alma interessada no género. Bom nome, mas fala-se muito e continua-se a ver tudo em formato pequeno (e com isto não quero dizer que não vá ver uma coisa ou outra da restante programação, mas...).


Magik Markers


Após o hype underground - se tal coisa existe - e dezenas de edições fundamentando e recordando a (incrível) experiência ao vivo, os Magik Markers apresentam o primeiro álbum com cabeça, tronco e membros, ao fim de quase cinco anos. "Volodor Dance" (Latitudes, 2006) já mostrava alguns sinais de solidez e sobriedade em estúdio, algures entre a improvisação no rock e o ensaio de uma canção muito bem estruturada. O resultado era impressionante e não é exagero olhá-lo como um dos melhores álbuns rock - puro - dos últimos anos. Foi também o último álbum que contou com a participação da baixista Leah Quimby, supostamente por não aguentar a pressão da crítica focar muito o seu aspecto físico. "Boss", a sair em Setembro na Ecstatic Peace, é puro delírio no imaginário Markers. Elisa Ambrogio e Pete Nolan (baterista incrível, ver também o seu trabalho com os GHQ) dedicaram-se à canção pop-rock, lembrando Sonic Youth em modo Kim Gordon, Kills, White Stripes e Creedence Clearwater Revival. Canções anti-Markers, uma subversão interna e inteligente, pretensão (face à sua carreira) a banda conceptual para putos, ao estilo de Residents ou Negativland para um público mais adulto. Fechem os olhos à imprensa e ignorem a moda, porque este é o disco rock de 2007.



29.8.07

Momentos de Génio:
"It's Always Sunny In Philadelphia"

Danny DeVito & The Contract
Danny DeVito agrees to do a third season of "It's Always Sunny In Philadelphia"... on one condition.


Maçã Secreta

Para quem nunca viu, as sessões de apresentação da Apple são um deslumbre. Steve Jobs está normalmente sozinho em palco (mas também tem convidados, entre CEOs já houve Kanye West e U2), à frente de um grandé ecrã onde desliza a sua apresentação feita em Key Note. O que fica destas sessões é a simplicidade e o bom gosto de tudo - uma mera extensão exportável no modo como compramos e usamos a marca posteriormente -, como se o mais importante fosse o conteúdo e nunca a forma. Uma dos pontos altos destas palestras costumam ser as novidades, que todos esperam. Qual suspense esperado, Jobs vai largando pistas e depois esbofeteia os presentes com o novo computador, o novo software ou o novo iPod. Dentro de uma semana, em San Francisco, a Apple prepara mais um special event. Fala-se que será um novo iPod mas não há nenhum site ou blog que saiba mesmo que se vai passar. E era aqui que eu queria chegar: como é possível uma marca de tamanha implementação no mercado, que movimenta milhares de pessoas desde a concepção de um produto até à sua chegada à lojas, esconder uma novidade do público? Rigor empresarial ou fiel amor à camisola de todos os empregados Apple?



Amigos


Mais Simon Pegg para breve: "Run, Fat Boy, Run" tem data para Outubro, em Inglaterra e Estados Unidos, e duvido que apareça por cá na mesma altura. Hank Azaria será o sidekick de Pegg, num filme que, descobri agora, terá a estreia na realização de David Schwimmer (Ross Geller, em "Friends").




Format C:

A RTP2 está a despachar filmes portugueses no final da noite - em grupo dá mais nas vistas e ficam logo tratados. O mais curioso de tudo é o modo displicente com que o piquete nocturno trata a emissão: tanto o filme que agora está no ar - a "A Janela" (2001), de Edgar Pêra - como o de ontem, segunda-feira - "Daqui Pr'Á Alegria" (2004), de Jeanne Waltz -, tiveram uma boa parte do início sem as devidas correcções de formato. Gratuitamente, pude acompanhar "A Janela" em formato anamórfico até - quem terá telefonado para lá? - o senhor da régi ter acordado e carregado no botão certo. Porque, convenhamos, neste filme dá luta perceber qual o formato certo, certo?


26.8.07

"Hot Fuzz"

Desconheço a necessidade do distribuidor português colocar nas salas o filme de Edgar Wright (que também escreve o argumento, em parceria com Simon Pegg), quase 11 meses depois da estreia em Inglaterra, mas mais vale tarde que nunca, sobretudo porque sem a passagem pelo cinema os nomes não se constroem (se "Shaun Of The Dead" tivesse aparecido por Portugal haveria muitas mais pessoas a reconhecerem Simon Pegg agora, por exemplo). Diz-se que "Hot Fuzz" é para Novembro e parece que foi Nuno Markl que conseguiu o feito - como, não sei. Mas apetece-me pedir-lhe outros filmes para estrearem. (smiley face)



Momentos de Génio:
Stephen Colbert



Hello Nation! After weeks of extreme pain, Stephen Colbert's broken left wrist has healed! His short arm cast was removed live on the August 23 episode of "The Colbert Report", and in celebration, Stephen is auctioning off the cast for charity!

+ eBay


O Natal está à porta: Dica 2 = $27,99

Well it's about frickin' time. It's Always Sunny in Philadelphia is finally coming to DVD and the two-disc set will have every single minute of inappropriate humor from the first two seasons.

It'll be released on September 4th, right before the third season premieres. While hardcore fans like myself have taken advantage of the show being offered on iTunes, this still comes as great news. I think the one thing that bugs me is that it took this long.


+ Notícia


O Natal está à porta: Dica 1 = $283,95

"Seinfeld" is about to end its complete-season run on DVD. Season 9, a four-disc set with all 24 episodes from its final season, will be released November 6 by Sony Pictures Home Entertainment.

That same day, consumers will be able to buy an elaborate boxed set with all nine seasons. "Seinfeld: The Complete Series" weighs in at 32 discs and carries a suggested list price of $283.95. That buys consumers not just all 180 episodes but also a wealth of bonus features, both electronic and physical.

The highlight: a 226-page coffee-table book filled with photos, quotes, trivia and personal reflections from star Jerry Seinfeld.



"Anchorwoman" larga a âncora

Piada fácil no título porque a notícia é mesmo para rir. A Fox continua a matar séries ao mínimo sinal de enfraquecimento, e parece cada vez mais refém das audiências - sim, todas são, mas a Fox parece cega, surda e muda face a outra coisa para além do sucesso estatístico; foi assim com "Arrested Development", apenas para citar, novamente, o caso mais doloroso. O único lado bom é que nem sempre o público americano se engana. Esta série, em jeito de reality show, sentou Lauren Jones (cheerleader, modelo e pouco mais que isto) no lugar de pivot numa estação de televisão no Texas. Ninguém ligou ao caso e após o primeiro episódio... a série foi cancelada. Demasiado clínico e cínico para ser verdade. Este ano com "Studio 60" e muitas outras, as estações americanas deram poucas hipóteses ao falhanço e parece que agora não há mesmo duas hipóteses.

+ Notícia CNN
+ Notícia CNN (Vídeo)
+ Site Oficial


25.8.07

"Peacebone"


O vídeo para o primeiro single (o segundo é "Fireworks" e também já tem vídeo) a sair de "Strawberry Jam" dos Animal Collective já anda por aí e é um exercício bizarro a lembrar os tempos de "Sung Tongs", só que um orçamento maior, uma narrativa perceptível e referências a "ET", "Frankenstein", "Alien" e "Donnie Darko". "Peacebone" saiu em 10", 12" e CDS e tem como lado B o tema "Safer", fascinante épico, recordando "Visiting Friends", superior à maioria do novo longa duração, a sair no dia 11 de Setembro, para o qual já há sucessor, a julgar pelos vídeos retirados deste festival.




Robert Weide


"How To Lose Friends And Alienate People" está a ser rodado em Inglaterra e terá um cast principal interessante: Simon Pegg (cada vez mais relevante), Kirsten Dunst, Megan Fox, Jeff Bridges e Gillian Anderson. A maior atracção, contudo, é ter na cadeira de realização Robert Weide, um dos realizadores principais de "Curb Your Enthusiasm" de Larry David. A estreia será apenas para 2008, mas corre rumores que valerá a espera. Novos autores de comédia começam a aparecer, vindos, claro, da televisão.


Estreia: "Mr. Brooks"

Por cada pérola que se apanha no Verão, há sempre um tesouro maldito que se abre. "Mr. Brooks" não prometia nada, mas a falta de melhores oportunidades no cinema sentou-me à sua frente. Ainda tentei refugiar-me no William Hurt - que saudades de vê-lo num papel principal -, mas o seu papel é de tal modo impossível que não serviu. Depois, havia ainda Dane Cook, mas nunca consegui vê-lo para além da sua óptima pele de stand-up comedian na vida real. Restava-me Demi Moore e Kevin Costner, dois actores que não fazem parte da minha dieta. O resto foi um plot daqueles em que o nariz fica torcido de tanta desconfiança.


Indie

Ricardo Gross chamou bem a atenção para aquele que parece ser o único ponto de interesse para se ver Mysterious Skin, agora estreado depois de algum tempo na gaveta (pasme-se: é de 2004!). Não gosto de julgar os filmes pelos trailers - aliás, nem gosto muito de os ver antes dos filmes - mas o que a apresentação promete é a enésima história do jovem revoltado com tudo, desterrado na pequena cidade, lutando por esquecer o passado tortuoso, crescer e ser adulto à força. As imagens parecem decalcadas de todos os filmes (uns bons, outros maus) que têm povoado a cultura indie americana, desde que Sundance tomou conta do panorama alternativo. Talvez a música (Robin Guthrie e Harold Budd) seja uma boa desculpa para se ver "Mysterious Skin". E a Elisabeth Shue, claro.


Azar de títulos


"Knocked Up" de Judd Apatow está quase a estrear. Será em Outubro e, de acordo com este blog, vai-se chamar "Um Azar do Caraças". Acho que não vale a pena estar aqui a fazer o post a gozar com as traduções de títulos para filmes, mas o que mais me irrita é sentir que há um estranho plano estratégico de marketing para as comédias americanas, como se quanto mais palerma e básico for a frase mais pessoas palermas e básicas vão ver o filme (porque se assume, e com razão, que há mais pessoas palermas e básicas no mundo). Queria terminar lembrando-me da tradução portuguesa de "Clerks 2" de Kevin Smith, mas acho que de tão má que era o meu cérebro apagou-a totalmente...


22.8.07

Mau Postal é um Bom Postal


Confesso que ainda duvidei que o passatempo desse frutos assinaláveis, sobretudo quando tenho bem presente esse prodígio enciclopédico chamado "Boring Postcards".
Independentemente da ideia não ser nova, o pedido do Pedro Aniceto (há muito o anjo da guarda do meu Mac) abria espaço para algumas novidades e, apesar do primeiro postal ser ainda o meu preferido (bolas, havia tanto para dizer sobre este), a colheita de Agosto tem sido generosa e, meu Deus, o que se passa no Algarve para se produzir tamanhas obras-primas? Tenho pena não ter as minhas férias nesta altura, senão teria procurado a minha particiação. Não percam o desfile até ao final do mês.

+ O Pior Postal do Verão


Joy Control


É um dos mais aguardados filmes do ano para quem gosta de cinema, para quem gosta de música, para quem gosta de Joy Division, para quem idolatra Ian Curtis, para quem gosta de Anton Corbijn, e para quem acumula os gostos acima. A estreia do fotógrafo e realizador de vídeos no mundo das estreias em sala é logo com um dos mais esperados biopics modernos, agora que Kurt Cobain já está tratado. "Control" tem um fisicamente convincente Ian Curtis (Sam Riley) e as primeiras reacções críticas em festivais dão esperança à obra, que estreia algures entre Setembro e Outubro por essa Europa fora.
Curiosidade para alguns - menos que os fãs de Joy Division, é certo - é a montagem do filme estar a cargo de Andrew Hulme, dos O Yuki Conjugate. Vejam o trailer.

+ Trailer


21.8.07

Woody Allen 2007

Talvez a ausência de humor seja a particularidade mais notória do trailer, e consequentemente do filme, de Woody Allen para 2007, ainda antes do tal filmado em Barcelona com Scarlett e Penélope. Há que esperar por ambos...



20.8.07

17.8.07

"It's Always Sunny In Philadelphia"


Não vou conseguir escrever muito neste post porque o acontecimento é solene e gelou-me as extremidades. Todo o meu sangue foi convocado para uma zona do cérebro que está neste momento fechada para uma saborosa pool party. Motivo? Celebrar o anúncio de uma terceira temporada de "It's Always Sunny In Philadelphia". Perderam as outras duas? Então perderam uma sitcom de humor doentio que se encosta a "Arrested Development" ou a "South Park" com a maior lata do mundo. Dia 13 de Setembro há mais, então, mas hoje mesmo a página do MySpace já tem um episódio - será Mac um serial killer? Todos os seus amigos pensam que sim, claro. Mais um clássico. Absolutamente imperdível.

(Juro-vos que melhor que isto seria saber que "Frisky Dingo" também regressaria à TV. E foi por isso que esta semana foi a melhor semana de sempre e Setembro será o melhor mês de sempre.)


Estreia: "Ratatouille"


Conta-se que Brad Bird - o realizador de "The Incredibles" - foi chamado de urgência para liderar o projecto "Ratatouille" e tentar salvá-lo do ponto morto onde se encontrava (a ideia nasceu em 2000). Os resultados estão à vista, por muito que a Pixar - e a Disney, que joga sempre a cartada silenciosa mais sonora - não seja uma empresa que se deixe facilmente perder no terreno: coesão narrativa, boa disposição mas fuga hábil ao humor fácil, e mestria e ritmo de realização muito, muito acima da média. Numa altura em que as animações tridimensionais aparecem de 2 em 2 meses, é fácil notar que a Pixar ainda lidera o mercado com uma ambição de fazer cinema que nenhuma outra parece querer possuir. Quem sentir falta dos gags pode sempre ver as curtas-metragens que antecedem os filmes - "Lifted" é, antes do "Ratatouille", mais uma pequena obra-prima da Pixar.

+ Trailer


"Robot Chicken"


Um dos principais estandartes da Adult Swim - programação nocturna do Cartoon Network dos EUA - iniciou nesta semana a sua terceira temporada. Criada por Seth Green ("Buffy", também faz a voz de Chris em "Family Guy"), "Robot Chicken" é uma transfiguração de alguns hits da cultura popular dos últimos trinta anos - embora seja mais de quase tudo o que já esteja enraízado: cinema, música, video-jogos, religião, televisão, brinquedos, gossip, etc. Durante dez minutos - duração perfeita - o nosso cérebro programa-se para um zapping pré-estabelecido onde o humor se alcança pela componente do exagero e da subversão gratuita (mmnham!). É um dos muitos trunfos de um canal com raros programas abaixo do muito bom. Falaremos mais - e muito - deles noutra altura. Por agora deixo um dos mais famosos sketches de "Robot Chicken", "The Tooth Fairy": um mimo do drama familiar fantástico - baseado num caso real.

16.8.07

David Caruso


Abençoado You Tube e abençoadas pessoas com imenso tempo livre. Alguém se deu ao trabalho de pegar numa série de one liners que David Caruso lança ao longo dos episódios de CSI Miami e transformá-las num excelente vídeo com o tema dos Who a fazer de drum beat depois de cada frase do actor. Hilariante até ao ponto de exaustão.


Em jeito de prolongamento da piada, uma imitação de Jim Carrey no programa do Letterman aos momentos de génio de Caruso:

"Trapped In The Closet" (II)


Will Oldham!!! É verdade, ele conseguiu infiltrar-se no cast dos novos dez capítulos de "Trapped In The Closet", que estão a ser colocados desde a passada segunda-feira, ao ritmo de um por dia, no site da IFC. Apesar de estar uns pontos abaixo dos doze originais, a continuação da ópera de R. Kelly mantém os ingredientes que tornaram esta "peça" num must see da cultura popular. Após uma recapitulação/introdução no décimo terceiro, os seguintes adensam a trama e introduzem novas personagens no habitual sistema de interligação relacional algo ligeira que o seu autor impôs à narrativa. Tudo, claro, no campo da traição, do irracional e do, vá lá, impossível. Ingredientes cliché de telenovela que viciam pela rapidez dos acontecimentos. Por aqui desespera-se pelos últimos seis capítulos e pelo DVD a ser editado na próxima segunda-feira, dia 20 de Agosto.


Uma noite bem passada

Setembro, dia 14, em Nova Iorque. No Madison Square Garden. Ou, tal como ela diz, no Madison Fucking Square Garden. Triple bill com Interpol, Liars e Cat Power. Não só perdi Boredoms e os seus 77 percussionistas em Julho, como agora isto. ILOVENY.

+ É ela que diz (apesar de não estar totalmente confirmado)


15.8.07

"Flight of the Conchords"


É a série de Verão que mais me tem feito elogiar a banda-larga cá em casa. Sem nunca ser magistral, as aventuras destes dois foragidos neo-zelandeses por Nova Iorque tem feito as minhas delícias - achei exagerados os madrugadores elogios à serie, mas agora dou a mão à palmatória. O tom molenga e nonsense que nos afasta da atracção fatal dos primeiros episódios torna-se o seu ponto forte a partir do momento em nos sentimos em casa com Jemaine e Bret. Óptimas canções, óptimas encenações, um agente da banda que muito deve a David Brent, e um gozo tremendo à Nova Zelândia - como diz o poster turístico que promove o país: "Why not?". Já saiu o disco, mas desse modo nunca será mais que um aperitivo. Para quem não tem arte nos downloads, no site da HBO podem ver os vídeos musicais. Mas "Flight of the Conchords" é mais que a música.

+ Vídeos


Estreia: "Evan, O Todo Poderoso"


Triste figura faz aqui o Steve Carell. Não bastou o primeiro filme ter sido uma ode ao desperdício de uma ideia que poderia ser boa (porque tinha, para além da Jennifer Aniston, o Jim Carrey) como agora encharcaram tudo, não deixando sequer o actor de "40 Year Old Virgin" (e a Lauren Graham) vir à tona para respirar. Enquanto o filme explica a sua tese (façanha que se esgota rapidamente), Carell ainda consegue levar tudo para o disparate com o seu timing cool perfeito; mas depois o desastre acontece, e nem falo do dilúvio: Hollywood continua a sufocar as comédias com as mesmas estruturas narrativas (os maus muito maus, a história que encurrala o bom, o final feliz redentor quando tudo parece perdido, a moral que insiste em ser maior que o próprio filme), deixando-me saudoso por um belo filme de comédia tonta mas saudável. Depois de ter sofrido com a bicharada na "Noite No Museu", eis mais uma fábula para esquecer. Que venha rápido "Knocked Up".


13.8.07

Estreia: "Torre Bela"


É no grande saco do Verão que acabam por estrear em Portugal os filmes que por razões de baixa pressão comercial apenas encontram nesta altura espaço em sala para aparecerem. "Torre Bela" poderá ter sido um desses casos - e é apenas um dos melhores "filmes" que possivelmente veremos este ano. Usei as aspas porque na verdade "Torre Bela" é um documentário, filmado em 1975 mas em processo contínuo de edição e remontagem desde então. Para além das suas estrondosas capacidades técnicas, este filme coloca-nos no meio da história, da nossa história, como raramente vi alguém fazer. Durante a convulsão dos pós-25 de Abril, "Torre Bela" mostra-nos um microcosmos de revolução, algures no Ribatejo, espelhando o romantismo com que todos aderiam a uma cerca ideia - ainda que confusa - de liberdade. Tem ainda a felicidade de mostrar a aparição de Zeca Afonso para comunicar a sua "Grândola Vila Morena", numa espécie de carimbo oficial da Revolução e oferecendo a energia que porventura aquelas pessoas precisariam para prosseguir com os seus sonhos (ver still acima, retirado do Sound+Vision). Usando apenas o olhar (o documentário não tem narrador nem outro método de contextualização da realidade; apenas uma legenda no final revelando-nos o fim daquela ocupação), vamo-nos sentindo cada vez mais próximos dos desesperos, das conquistas, das frustações, das dúvidas de todos os que tentaram executar, tal como um oficial militar a certa altura diz, a sua lei. A aparente distância que a câmara de Thomas Harlan parece ter dos acontecimentos camufla a inteligente montagem que, nesta versão em 2007, parece ser finalmente a definitiva. Noções esplendorosas de cinema sobre um dos mais ricos períodos históricos de Portugal, fazem deste "Torre Bela" uma obra incontornável neste Verão, neste ano e para sempre.


Merv Griffin (1925-2007)

Li que Merv Griffin morreu. Não tendo memória deste senhor na televisão, aproveito para recordar um dos pedaços mais dementes de "Seinfeld", justamente o episódio em que o alucinado Kramer decide transformar a sua casa no "Merv Griffin Show", colocando os seus amigos como convidados do seu programa. Nesta altura, Kramer expunha o seu nonsense em patamares nunca vistos e aqui a sua comunhão com o enredo normal é de génio. "Slicer" seria o episódio seguinte, ainda no arranque da nona temporada, e não foi menos louco que isto.



12.8.07

Animal Collective na Má Fama


Está online desde ontem a sessão da Má Fama com os Animal Collective, transmitida durante o mês de Julho. Além da entrevista, ouvem-se alguns dos novos (por acaso, os melhores) temas de "Strawberry Jam", a sair no dia onze de Setembro, e é também dada uma oportunidade para reouvir "Here Comes The Indian" - infelizmente ignorado por muito boa gente.




M.I.A. "Jimmy"


Depois de "Bird Flu" e "Boyz", M.I.A. revela o terceiro single de "Kala" (a sair no próximo vinte de Agosto; muito superior a «Arular» após algumas audições), "Jimmy". O vídeo, não só é inspirado em bollywood, como a própria música é uma versão livre do clássico "Jimmy Adja", da banda-sonora de "Disco Dancer" (1983), épico de culto indiano sobre a carreira de um... disco dancer. Diz quem viu que é uma verdadeira preciosidade. Na Esfera há o desejo de um dia deitar as mãos a tal obra (pequena curiosidade: foi um enorme sucesso na Rússia durante os anos oitenta). Aqui podem ver e ouvir a versão original de "Jimmy Adja". 


Tony Wilson (1950-2007)


"So it goes..."

11.8.07

Celebrity Mashup


Eis um jogo que apenas serve para gastar uns minutos de um sábado calmo e caseiro. Por uns momentos, imaginemo-nos nos Estados Unidos, rodeados pelos tablóides e pela cultura asfixiante do star system americano e tentemos adivinhar quem é que será mais Celebridade: Winona Ryder ou Sandra Oh? Charlie Sheen ou Sally Field? Martha Stewart ou Benicio Del Toro? Robert de Niro ou Faith Hill? Paris Hilton ou Madonna? Para além dos óbvios (os vencedores que também são exportáveis para a nossa realidade), há jogos de raciocínio interessantes, tal como pensar se a visibilidade mediática de Lindsay Lohan poderá suplantar décadas de filmes de Eddie Murphy (sim, suplanta), se o sucesso das "Desperate Housewives" pode levar Marcia Cross a ofuscar o recente apagão de Kevin Costner (não ofusca), ou ainda se a música de Kanye West pode ultrapassar os filmes de Matt Damon (não ultrapassa). Foi nos momentos de indecisão complicada que desisti do jogo, sem perceber porque Jim Carrey perde para Johnny Deep (talvez o box office explique tudo), porque Penélope Cruz é mais celebridade que Lucy Liu (ainda o poder Tom Cruise?), porque Hellen Mirren ganha a Rosario Dawson (apesar de merecer) ou porque o canastrão do Ben Affleck é mais visível que Shakira. Confesso que invejo quem conseguiu fazer 192 escolhas certas - actualmente, o record deste Celebrity Mashup.


Adenda: Meu Deus, o record já vai em 230! O meu? 26.

10.8.07

Apatow & Cera


Este é um ano jackpot para Judd Apatow - "Knocked Up", escrito, produzido e realizado por si, tem feito muito bom dinheiro nos Estados Unidos; e "Superbad", outra produção, está quase a estrear, pronto para repetir o mesmo sucesso. Para promover este último filme há uma falsa entrevista de imprensa onde os protagonistas Michael Cera e Jonah Hill tentam responder às perguntas armadilhas do "jornalista" Edgar Wright (o realizador de "Hot Fuss" e "Shaun Of The Dead"; realizou recentemente um dos tais trailers para o "Grindhouse", versão americana). Apatow está a investir parte da criatividade de promoção em falsos teasers virais - vejam o espantoso "atrito" entre Apatow e Cera, justificando o despedimento do actor de "Knocked Up". Confesso que sabendo que o actor não estava no cast do filme, ainda pensei que o vídeo tivesse sido verdadeiro. Fantástico, e brilhante o modo como nos dois fakes vem sempre à baila o cancelamento do Arrested Development. Respect para Michael "George-Michael" Cera também.

Já agora, tentem recuperar um hilariante vídeo já antigo onde Michael Cera caricaturava um outro vídeo (este supostamente verdadeiro; igualmente hilariante) que serviu de CV para um aluno... brilhante.


8.8.07

Estreia: "The Host"


Estreia amanhã nas salas portugueses o grande blockbuster sul coreano dos últimos anos: "The Host". Vendido como um cruzamento entre "Alien", "Predator", "Godzilla" e um qualquer drama familiar baseado em casos reais, Joon-Ho Bong concretiza aquilo que tem vindo ser uma tendência nalguns filmes de horror/terror orientais: juntar mãe, pais, avós, filhos e casais de namorados no cinema. "Dark Water" de Hideo Nakata serve como óptimo exemplo desde género, mesmo que a versão americana explore com mais precisão o drama da história. "The Host" não é bom nem é mau, é assim-assim, mas talvez encha as medidas a quem caia de surpresa na sala de cinema. O que o estraga é precisamente o seu motivo de venda: não satisfaz como terror/horror/acção e o lado familiar é kitsch gratuito, num exagero claramente inspirado pela animação japonesa. Funciona como exercício, piada, e é capaz de potenciar gargalhadas se se puxar para o lado da paródia. Vai saber a pouco para muitos e ar fresco para outros. Pela curiosidade, ou ausência dos últimos tempos de monstros gigantes no grande ecrã, vale uma ida ao cinema.


"Mission: Man Band"


Ao longo do Verão é criminoso tirar os olhos - ou a atenção - da televisão norte-americana. Pérolas que estreiam e rapidamente são canceladas ("Starved", há dois anos) e umas quantas séries superiores (ou quase) àquilo que vemos durante o resto do ano ("Weeds" e "It's Always Sunny In Philadelphia"). Estreou ontem na VH1 uma pérola da silly season: "Mission: Man Band". Parte de uma brilhante ideia que depressa se torna genial graças à escolha dos participantes. "Has beens" da cultura de boys bands dos anos 90, desde elementos irrelevantes de bandas que conseguiram mais do que um sucesso (Chris Kirkpatrick, dos N*Sync) a one-hit-wonders que não chegaram a sair dos EUA: Jeff Timmons (98 Degrees), Rich Cronin (LFO) e, uma pérola, resgatada do início dos anos 90, Bryan Abrams (Colour Me Badd). Vão conviver na mesma mansão durante umas semanas e têm como objectivo gravar um single que lhes devolva o estrelato. Como se não fosse suficiente para este reality show ser atractivo, dois dos escolhidos são alcoólicos (e um desses gaba-se de como consegue fazer rolar três rodas gigantes ao mesmo tempo), um esteve quase a morrer de leucemia há dois anos atrás e o que sobra já não tem voz. O preview do segundo episódio inclui uma festa em casa e desavenças com Bryan Abrams, por este não conseguir controlar a bebida: "You ain't seen nothing yet!", diz ele. Esperemos que não. Absolutamente imperdível.


6.8.07

"Saving Grace"


O título não promete nada de bom. Não há coincidência (é mesmo propositado) entre o "Amazing Grace" e este "Saving Grace". Grace (Holly Hunter) é uma mulher-polícia alcoólica, sulista, irresponsável (há um hit and run no primeiro episódio) e sem grandes problemas de roubar o marido a alguém. Uma espécie de white trash modernaço com a típica voz de bagaço (aqui um tanto ou quanto sexy). Para a salvar, é enviado por Deus um anjo chamado Earl, que lhe dá uma última oportunidade. A sinopse é péssima e a juntar ao mau gosto, Grace está a investigar o caso de um rapto de uma rapariga de dez anos chamada Maddie. Ah!, a banda-sonora é horrível; rock cristão no seu melhor (ou pior). O episódio-piloto é mais do que suficiente para desligar e não prestar mais atenção.


2.8.07

"Trapped In The Closet"


Quem não viu, torce o nariz. Os outros venceram o cepticismo pela procura incrédula de razões para "Trapped In The Closet" ter sido feito. Goste-se ou não de R. Kelly, depois da repugnante história do "golden shower" a sua carreira nunca foi a mesma. Os seus álbuns, canções e letras, ressoam como alibi para todo um escândalo que ninguém esquece. Há uma audácia quase irresistível nisso tudo, uma perversidade difícil de contornar, levada a sério ou não. A verdade é que fá-lo como ninguém. Até consegue tornar um tema sobre uma mulher ter um filho num objecto ridiculamente amoroso, quase sexual. "Trapped In The Closet" é um dos elementos essenciais da cultura pop deste século. Uma ópera hip-hop/r&b criada para a televisão com um argumento tão absurdo que é impossível alguém um dia ter levado isto a sério. Neste mês vão ser editados em DVD mais dez capítulos a acrescentar aos doze originais. Render o peixe pode-se tornar num erro desnecessário, mas é impossível não estar em pulgas para ver o que aí vem. O preview desvenda pouco e adivinha-se o mesmo beat, tom e... dificuldade em perceber como alguém (produtores, actores, R. Kelly) pode levar isto a sério. Ed Wood fora do seu tempo?




"The Darjeeling Limited"


Wes Anderson é o rosto no cinema do miúdo indie nascido na primeira metade da década de 80, que pouco tinha para se agarrar depois de ver uns clássicos e esgotado os Coen - os melhores, pelo menos. A Sophia Coppola com calças, portanto. Retêm-se os últimos três filmes ("Rushmore", "Royal Tenembaums" e "The Life Aquatic Of Steve Zissou") e esquece-se a pérola "Bottle Rocket", escrita a meias com o cúmplice Owen Wilson. Ao quinto, trocou o mar pela Índia, numa viagem de comboio de três irmãos. "The Darjeeling Limited" estreia no Outono e já tem trailer. Ouve-se Kinks, "This Time Tomorrow".